Será o amor para sempre impossível? Não. Provavelmente só é muito difícil, como tudo o que vale a pena. Porque o mais fácil é apaixonarmo-nos. Complicado é mantermo-nos apaixonados, interessados. Não é obviamente em câmara ardente que se segura um amor para sempre, mas duvido que seja com renovação de roupagem que nos fazemos vestir de felicidade. Precisamos de saber dar aos outros como se fosse a nós mesmos e interessarmo-nos por quem amamos como se fosse connosco. Porque só assim nos mantemos interessantes, precisos, parceiros, nossos. Porque essa é a característica patente nas relações que duram: nas relações familiares, quase sempre imortais.
Embora fundamental, este altruísmo para com quem amamos não chega. Precisamos de saber renovar, de aprender e dar de novo, de começar tudo como se fosse hoje a última vez. Como se fosse a primeira vez, num rastilho com cheiro a pecado até o aroma ser doce outra vez. Porque um amor sem altos e baixos é como um deserto: adormecemos na monotonia de uma paisagem sem cor.